quarta-feira, 30 de março de 2011

Metronomy – The English Riviera(2011)


Pra quem esperava mais do mesmo, a banda inglesa Metronomy deixará a desejar. Pra quem está aberto à coisa nova, seu cd novo é uma verdadeira piração. Não temos mais o som dançante de antes, mas temos muita novidade no ar.

English Riviera, com um mar estilizado e uma palmeira, nos remete sem sombra de dúvida à calmaria do mar. Não, não, não estou julgando apenas pela capa, basta que se ouça a primeira faixa, curtinha, 37 segundos que nos fazem pensar se estamos ouvindo um cd de meditação. Ela, entrentanto, é de um importância gigantesca, afinal, é uma verdadeira introdução dissertativa. Combina tese, antítese e síntese de tudo o que se ouvirá pela frente. Ele vai fluindo, e você nem sente passar.

A banda não se perdeu. Toda a influência do primeiro cd ainda pode ser sentida. Os tecladinhos dissonantes, destoantes... a voz de sempre do vocalista Joseph Mount, mais contida todavia; os backing vocals sussurrantes.

Mas o clima é outro, é o clima de quem curte tomar um whisky com gelo de água de coco na praia. Sem se importar se está de calça jeans ou de bermuda. Que se entenda que uma pessoa nessa posição realmente tá pouco se importando para o que está usando, mas para a trilha sonora certa com certeza estará prestando atenção, ainda mais se for o disco em questão.

Com uma faixa grudada na outra, num verdadeiro encadeamento, ele só prova a famosa fala de que tudo que é sólido pode derreter. E você não só sentirá o cd inteiro derretendo e caminhando liquidamente, como também mudará sua visão, ou melhor, audição? sobre o que é Metronomy.

Assim, a partir da segunda audição tudo fica mais claro e fácil de compreender. É importante, todavia, que se tome muito cuidado, ou melhor The English Riviera deveria vir com um aviso em letras garrafais: ouça com moderação. Já que, como no meu caso, não consigo mais parar de ouvir. Não sei como serão minhas audições daqui para frente, mas enjoar ainda está fora de cogitação.

Dê uma chance aos meninos britânicos e não se arrependerás.

Setlist:

    1. The English Riviera
    2. We Broke Free
    3. Everything Goes My Way
    4. The Look
    5. She Wants
    6. Trouble
    7. The Bay
    8. Loving Arm
    9. Corinne
    10. Some Written
    11. Love Underlined


Leia os comentários se quiser baixar.

O nome das coisas, as coisas dos nomes


Explicar o porquê do nome MUSS!! para este blogue é difícil até pra mim. Mas foi uma brisa, viagem intensa, que eu tive a algum tempo atrás. Eu havia lido A Insustentável Leveza do Ser, livro de Milan Kundera e me deparei com a descrição de uma situação insólita: um comerciante devia a Beethoven, que também “ruim das pernas”, foi-lhe cobrar. O comerciante, pasmo, pergunta em alemão “Muss es sein?” (Deve ser assim?) e Beethoven todo sarcástico e com uma risada caustica brinca “Es muss sein! Es muss sein!”(Deve ser assim! Deve ser assim!). A frase, depois de entoada, não saiu mais da cabeça do compositor, que a sentiu como a voz do destino. Decorridos vários fatos, Beethoven compõe uma obra que ficaria famosa por conter tal voz.

Mas o que mais importa é a função existencial que Kundera dá a tal situação. DEVE SER ASSIM? DEVE SER ASSIM! A vida ganha leveza e peso ao mesmo tempo. Uma vez que nos habituamos com o fardo de nossos destinos, a vida fica leve. Ao mesmo tempo, sabendo que nossos atos, como dizia Nietzsche, se repetem pela eternidade, carregamos o peso de nossas escolhas. E a vida pesa.

Faz muito tempo que li Nietzsche e mais tempo ainda que li Kundera. Posso ter me equivocado em algumas partes. O mais importante, todavia, é que perguntemos com o blogue “A cultura deve ser assim?” e respondamos “DEVE!!” (MUSS!!).

Essa é a maior missão que pedantemente, prepotentemente, nos propomos a fazer. Mostrar a cultura como ela é.

Pedra Fundamental

Este é um blogue que se pretende interdisciplinar e colaborativo. Todavia, enquanto não aparecem pessoas, dos mais diversos campos, interessadas em colaborar conosco, iremos coletando informações da web, organizando-as, tornando o incompreensível, de linguagem difícil, no mais fácil de se entender possível.

A missão é fazer um jornalismo cultural que mapeie o que de mais importante acontece na cidade de São Paulo. Para além de apenas mapear, noticiar ou informar, importa que analisemos sob as mais diversas luzes possíveis tais eventos culturais.

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