sábado, 23 de julho de 2011

De volta à escuridão, Amy Winehouse



"Você viu a Amy?" Foi assim que um amigo me deu a notícia. A resposta eu já sabia, mas esperei que ele dissesse. "Está saindo que ela morreu". Me veio uma mistura de sensações. Por um lado uma satisfação egoísta e bizarra por não ter perdido seu show em São Paulo. E por outro, a tristeza por não ter mais a chance de esperar nenhum trabalho novo de uma das artistas mais talentosas que conheci.

Amy Winehouse nasceu em Londres, num dia 14 de setembro, tinha 27 anos, uma ano mais que eu, vendeu milhões de discos ao redor do mundo e conquistou diversos prêmios, sendo a maior vencedora do Grammy 2008, uma espécie de Oscar da música. Porém, o talento musical reconhecido por crítica e público não foi o suficiente para fazer com que ela se tornasse mais famosa pelos escândalos envolvendo o seu vício em drogas. E para muitos, a artista era apenas uma caricatura.

O problema para o reconhecimento irrestrito da artista britânica era um só, sua doença, seu vício em cocaína, embora também bebesse e fumasse. E para as nossas convenções, não é bom ser viciada em drogas ilícitas. Mais simpático e divertido é a senhora que bebe pinga às escondidas na novela das oito. Porque esse é o mundo hipócrita em que vivemos, ao qual Amy, de fato, não pertencia.

A primeira vez que a ouvi tocava na rádio o single Rehab, famoso pelo refrão "They tried to make me go to rehab / But I said no, no, no" (em português "Tentaram me mandar pra reabilitação / Mas eu disse não, não, não"). Imaginei uma senhora grande, gorda, negra, a la Etta James (conheça Etta James http://www.youtube.com/watch?v=goz07feA54Y).

Pelo contrário. Me espantei ao descobrir numa pesquisa que, por trás do vozeirão afinado, mas pesado e bruto, havia uma branquela magricela, quase raquítica, com cabelo esquisito. E me espantei de novo e ainda mais quando, ao assistir um DVD do álbum Back to Black, achei que aquela mulher pálida conseguia fazer uma apresentação extremamente sexy, coisa com a qual poucos concordam.

Considerações à parte, Amy era um sopro de qualidade numa cena musical cada vez mais artificial e sem graça, por culpa da indústria musical e dos músicos também. Suas canções fundiam uma série de gêneros da música negra, como R&B, Soul, Jazz, Blues e até o Reggae. As letras falavam, na maioria dos casos, sobre desilusões amorosas da cantora.

Havia a sensação de que Amy se sentia constrangida sobre o palco. Era a última a entrar e a primeira a sair. Incapaz de saudar e se despedir, poucas vezes fitava o público. Olhava para o vazio a maior parte do tempo. Bebia uísque. Às vezes acenava aqui e ali, um sorriso também. Não era nenhum desprezo pelos fãs, mas, sim, muita timidez.

Introversão que não permitia que o seu show fosse algo monótono. Acompanhada por músicos raros em todos os instrumentos e backing vocals elétricos que não paravam de dançar um segundo, ainda assim Amy chamava a atenção, de forma quase hipnótica, em função de sua melancolia, que constratava com a força da sua voz e a vibração, mesmo nas canções mais tristes, de sua música.

Quando anunciada sua apresentação em São Paulo, senti que era uma oportunidade única para vê-la de perto. Chamei tantos amigos, com os quais tenho afinidade musical, quanto pude. E contra o preço salgado argumentava um quase mantra "pode ser a nossa única chance". Amy não foi nada parecida com o que já se viu em seus DVDs. Porém, diante das últimas crises com drogas, ela superou em muito minhas expectativas. Não me arrependo (como conta a jornalista Isadora Monteiro num texto, para dizer o mínimo, excelente. Leia: http://absurdo-mudo.blogspot.com/2011/01/carta-para-miss-winehouse-show-em-sao.html).

Amy deixa para trás um legado. Não é das artistas que vendem mais discos da nossa geração, também não fazia muitos shows por razões que são óbvias, mas é das poucas que ficarão para a história. De meados dos anos 1990 para cá, talvez seja a mais talentosa, para mim é. E, embora essa geração não seja espetacular em termos musicais, a cantora não deixou nada a desejar para os artistas clássicos de outras gerações. Coisa que parecia não importar para ela, que não devia ser dessas pessoas que ficam a listar e ranquear.

Ela não queria nem fazia mal a ninguém. Nunca jogou bomba ou saiu atirando em outras pessoas, como o que fez o sujeito extremista na Noruega, ontem. Tampouco se aproveitou da sua fama para angariar votos, se tornar política, roubar o dinheiro dos fãs e ainda ser louvada por isso, como fazem tantas celebridades, aqui no Brasil em profusão.

Não era uma santa, mas também não foi o diabo que pintam. Ela nunca solicitou a ninguém definições e nunca quis que a explicassem. Todo sujeito com o mínimo de razão e sem preconceito na cabeça pode perceber que ela foi uma artista excepcional, muito além das fofocas. Não a julguem mal.

Não gosto de escrever textos em primeira pessoa, mas nesse caso resolvi abrir uma exceção, não por oportunismo, mas por entender que é um registro histórico que não devo deixar passar e para que entendam o que sente um cara que aprecia música num momento como esse.

Nesse dia 23 de Julho de 2011, pare para entender e refletir o que faz desse mundo muito menos criativo e vibrante sem ela. Assim como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrisom, Kurt Cobain entre outros, Amy Winehouse, a partir de hoje, entra para o clube dos artistas subversivos, com um talento "estrondoso", que foram viciados em cocaína (entre outras drogas) e viveram pouco. Que estejam num lugar muito melhor do que aqui. Deixo abaixo a canção dela que considero a mais alegre.

http://www.youtube.com/watch?v=qtxB3K_l8Uc

terça-feira, 26 de abril de 2011

Dragon Age 2


Ter esperado um tempo para escrever essa resenha me deu a oportunidade de ler o que vem sendo escrito sobre o game e ver como as opiniões estão divididas. Vejo no Dragon Age 2 um jogo de personalidade, e como tal, impossível de agradar a gregos e troianos.
Num primeiro momento ficam evidentes as mudanças que visam de alguma maneira tornar o novo blockbuster da Bioware um game mais contemporâneo em vários aspectos, tanto visuais como narrativos, obedecendo as tendências lançadas, algumas delas inclusive pelo outro carro chefe do estúdio, a franquia Mass Effect.
Visualmente o jogo sofreu uma espécie de lavagem, as texturas não são pobres, mas ganharem ares mais simples, mais "clean",como se tivesse acontecido uma reformulação da palheta de cores, diferentemente do tom de pintura e mais escuro predominante do primeiro jogo. Isso não é ruim em absoluto, apenas é um gosto diferente. Essa faxina é muito bem vinda na interface do game, os ícones ficaram mais simples de entender, mais intuitivos, com dicas do seu funcionamento a partir do seu formato  (hexagonos para habilidades sustentadas, losangos para item e habilidades utilizáveis), inventário visualmente mais organizado e confortável de navegar, apesar da falta do charme do inventário do game anterior, mais tradicional, com visual de pergaminho.  De maneira geral tudo ficou mais fácil de navegar, melhor polido para simplificar o acesso a informação para o jogador, menos charme, mais eficiência. 
Das mudanças funcionais e estéticas uma das mais bem vindas é a nova tela e mecanismo de habilidades. As habilidades estão ainda divididas em escolas, mas a progressão não é mais linear, mas sim em "raiz", sendo assim o jogador não se vê tão obrigado a comprar habilidades que não queria, embora ainda tenha de cumprir pré-requitos em alguns casos (dois pontos gastos em entropia para enfim chegar a uma habilidade mais funda na raiz ) . Muitas habilidades também foram limadas, principalmente aquelas que, quem se lembra do game anterior, vai notar que não casariam com o novo estilo. Talvez você sinta saudade de algumas delas, mas não falta.
Talvez o maior ponto de discórdia seja, na verdade, a narrativa. Todos esperam de um grande RPG uma narrativa épica, ninguém nunca se cansa de salvar a nação e o mundo. Mas dessa vez é diferente, o jogador muda de papel, ao invés de ator de um evento muito maior que ele (derrotar o Blight), para um protagonista de fato. O anão Varric, contará por meio de um flashback jogável a trajetória que você vai construir, a odisséia pessoal de Hawke passando de refugiado de Ferelden para campeão de Kirkwall. No início acontece um estranhamento pela mudança do eixo narrativo, não existe mais uma grande catástrofe para ser impedida, as motivações do protagonista são outras, a princípio recuperar a sua vida destruída pelo Blight, mas logo ocorre uma grande confusão, como alguém que pretendia ir embora de Kirkwall se torna o campeão? Eu me senti convencido de que os eventos que se desenrolam são motivação o suficiente, não menores do que os dos outros jogos, porém não são todos que se sentiram a vontade com esse novo estilo de contar uma história de uma game.
Possivelmente a frustração mais geral para todos seja o universo restrito do segundo episodio da franquia, as ruas de Kirkwall e as redondezas da cidade-estado não são espaço épico o suficiente, como as poucas 50 horas de jogo bem demonstram. E assim como isso deve ter deixado muita gente insatisfeita, também existe uma verdade universal sobre Dragon Age 2, esse game vale a pena ser jogado.

Renan Pesciotta

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Franz Ferdinand - Covers EP



Variando entre o animadinho dos anos 60 na voz de Debbie Harry, o lisérgico de Stephen Merritt, o caótico melódico do LCD Soundsystem, o dançante sujinho do ESG e do Peaches um electro também sujinho; Franz Ferdinand para comemorar o Record Store Day juntou seus amigos músicos para regravarem faixas do cd Tonight, de 2009.
Quem já conhece as músicas na voz do FF pode até estranhar, mas não tem como dizer que não é uma reunião antológica.
Fiquem com Debbie Harry e Franz Ferdinand cantando Live Alone:


Depois.... deem uma conferida nos comentários....

Space Cowboy na Boombox 3D no Glória


Vai ficar em sampa no feriadão? Não? Ahhhh que pena.... pois vai perder um dos djsets mais bacanas do ano. Space Cowboy, produtor e DJ da Lady Gaga, veio diretamente de Los Angeles para discotecar nas pistas fashionistas do clube Glória.
A festa promete ser bombástica, a primeira em 3D do país. Não dá pra ficar de fora, dá?


Space Cowboy, ou Nick Dresti, nasceu na França mas foi criado na Inglaterra. E compõe um House Funkeado com pegadas do Hip-Hop. Sua música, pra pista, garante ferveção e muito agito. Seu cd mais recente, Digital Rock Star, lançado em 2009 explora várias vertentes do Electropop. E se você gosta da nova cara de Enrique Inglesias (I Like It, Tonight I'm Loving You) ou da Britney (Till the Word Ends) não pode deixar passar em branco a presença desse mestre. Curta abaixo um pouco de Space Cowboy:

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Virada Cultural - Sesc Pompeia, Instituto toca Tim Maia


O coletivo Instituto se apresenta no Sesc Pompeia (Rua Clélia, 93) às 03H00 do domingo, 17. Formado por músicos e grupos de diversas vertentes, principalmente do Dub, Funk e Hip-Hop, o Instituto contará com a participação já tradicional de BNegão, Kamau, Carlos Dafé e Thalma de Freitas. O coletivo, que este ano já abriu show para Amy Winehouse em São Paulo, prestará homenagem a Tim Maia em sua fase racional.
O Sesc Pompeia ainda terá apresentações de teatro, dança, circo, artes plásticas e visuais, além de outros grupos musicais durante toda a programação da Virada Cultural que pode ser visualizada em http://www.viradacultural.org/programacao ou http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/noticias/?p=8924 .
Para quem quiser acompanhar os shows (mesmo os que não estiverem indicados aqui) e publicar como foi, entre em contato conosco deixando recado nos comentários ou em nossas publicações nas mídias sociais. Acompanhe as próximas postagens.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Virada Cultural - Palco São João, The Skatalites


Conhecidos como um dos fundadores do Ska, The Skatalites chegam diretamente da Jamaica para a alegria dos fãs do gênero e ainda do pessoal do Rocky Steady e Reggae. Com mais de 40 anos de estrada e músicas gravadas até por ningém menos que Bob Marley, os Skatalites se apresentam às 23H00 do sábado, 16, na Avenida São João (com Barão de Limeira).
Além dos jamaicanos, Marcelo Yuka, ex-baterista do Rappa, apresenta seu trabalho solo a partir das 05H00 do domingo. O palco, dedicado a ritmos latinos, ska e dub, ainda terá a presença de outros artistas nacionais e internacionais e a programação completa deste e de outros picos da Virada Cultural pode ser visualizada em http://www.viradacultural.org/programacao ou http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/noticias/?p=8924 .
Para quem quiser acompanhar os shows (mesmo os que não estiverem indicados aqui) e publicar como foi, entre em contato conosco deixando recado nos comentários ou em nossas publicações nas mídias sociais. Acompanhe as próximas postagens.

Aonde você vai na Virada Cultural?


Às 18 horas do próximo sábado começa a 7ª edição da Virada Cultural na capital paulista, reunindo uma programação com mais de mil atrações durante 24 horas. O blogue MUSS!! tentará fazer uma seleção com o que de melhor irá rolar. Se quiser acompanhar os shows (mesmo os que não estiverem indicados aqui) e publicar como foi, entre em contato conosco deixando recado nos comentários ou em nossas publicações nas mídias sociais. Acompanhe as próximas postagens.

sábado, 9 de abril de 2011

MULTISHOW, por favor, queremos uma festa MIXTAPE semanal!!!!

@nderson

Melhor festa do ano inteiro? Difícil de ser superada! Mas vamos aos fatos, nada jornalísticos, contarei nossa noite. Se você espera ver playlist, ou qualquer tipo de depoimento técnico, caia fora. A Mixtape Multishow foi uma festa experiencial.
Chegamos em quatro e, para nosso espanto, nada de fila. O que parecia ser uma, na verdade, era uma infestação de valets super dispostos a estacionar nossos carros imaginários. Não, não fomos de busão, até porque seria muito contra-senso, mas ganhamos uma caroninha eshperta.
@nderson
Enfim entramos, nosso momento de glória no tapete vermelho. E chegamos tarde, 23h pruma festa marcada para começar às 22h. O medo que nos consumia era inevitável. Não queriamos perder nada de uma festa tão sacrificantemente conseguida.
“Eu não quero acreditar, mas essa festa é open bar!” Disse um de nossos colaboradores. “Eu trabalho amanhã!” Virou o leitmotiv do nosso economista. Enquanto o resto de nós dizia em uníssono, “desencana!”
A festa era open bar de vodka, whisky, energético, sucos e as mais diversas águas (esse ponto só fomos descobrir no final, afinal, quem bebe água no começo de uma festa?). E pra melhorar ainda mais, open food de temaki e salgadinhos de vitela e presunto de parma. Ok, somos os mais esfomeados da face da terra, mas que fique claro que a metade feminina, não comeu, como é de praxe. A outra metade, eu incluso, só foi comer quase no final da festa. Oras, quem quer passar mal?
@nderson
Resalte-se, fila? Pra que fila? A festa fez com que todos mantivessem a compostura e nenhum tipo de guerra aconteceu, quando eu digo nenhum é nenhum mesmo. O banheiro era algo um pouco mais complicado, mas quando não é? Uma petit fila se formou, isso já nos fins da festa, como é de costume. Mas a higiene se conservou e, para melhorar, alguns remedinhos estavam a disposição, Eparema e Engov. Deste último, eu admito, tive de fazer uso. E ao Eparema nosso economista não virou a cara no fim da festa.
Mas vamos ao que interessa, o grande momento da noite. Miami Horror! Subiram ao palco e desconcertaram o público. Sim, simplesmente subiram ao palco, sem apresentação nem nada. É claro que para nós, fans de carteirinha, não foi nenhum suspense. Mas ficamos pensando, e aqueles que não os conheciam? O que terá sido deles.
Pulamos, suamos, flertamos e enchemos o saco da banda. Sim sim, éramos groupies insandecidos. E o melhor, tudo isso a apenas uma pedaleira de distância. Os Miami tocaram praticamente todo o cd Illumination, com exceção a Imagination que ficou faltando, ou quem sabe tocou e estávamos a tal ponto de loucura e glória que nem prestamos atenção. Brincadeira, foi a única música que ficou faltando meishmo.
@nderson
Ganhei um aperto de mão e um beijo no rosto, logicamente, após muita insistência. E, da mesma forma como eles subiram ao palco, eles desceram, sem aviso prévio, sem bis, sem mais nada. Mas o pocket show já tinha sido o suficiente para deixar todos os nossos sentidos em estados de nervo, frangalhos. A noite já tinha sido ganha.
Ok, a noite já tinha sido ganha, mas ainda tinha The Twelves para se apresentar. Não sabemos se foi falta de organização ou o quê, mas do nada, do nada meshmo, o beco se esvaziou. Os melhores djs brasileiros, nos dias atuais, tocaram para as moscas. Vai saber, talvez mais pessoas tenham tomado o leitmotiv de nosso economista: “eu trabalho amanhã!” Mas mesmo que tenha sido o caso, foi um absurdo. Como assim deixar a festa pela metade.
Fomos heróis. Ficamos até o final da festa. Fizemos amigos que nunca mais saberão de nós entre eles, uma disse: "não conheço a banda Miami Horror, mas adoro Miami". Conhecemos organizadores, seguranças bacanas que nos deixavam entrar no fumódromo cheio, dançamos na pole dance. SENSUALIZAMOS.
O final da festa a gente omite, afinal, êxtase e cansaço nunca viram uma mistura digna de relato. Mas posso dizer com toda a franqueza, após todas as emoções, fiquei com marcas profundas da festa. Marcas físicas. Inúmeros roxos pelo corpo e um joelho imprestável. Sentia como se eu fosse o verdadeiro Dr. House, só me faltava uma bengalinha na qual me escorar.
Como disseram no twitter, MULTISHOW, por favor, queremos mixtape toda semana, preferencialmente conosco inclusos.



terça-feira, 5 de abril de 2011

Festa Mixtape Multishow com Miami Horror e The Twelves


Entre os paulistanos, uma festa polêmica. Entre os convidados, uma festa aguardada ansiosamente. Hoje, dia 06 de abril de 2011, exatamente às 22h acontece a Mixtape do Multishow. O local? O novo-melhor-clube-noturno-indie da cidade de São Paulo, estamos falando do Beco 203x3 (nome que o beco, famoso nas bandas do RS, assume por aqui por estar situado no número 609) Festa que contará com a presença de Miami Horror e The Twelves.
@atihe

Polêmica pois muitos dos fãs paulistanos da banda ou do duo não poderão assistir ao estrondoso evento. Infelizmente é uma festa fechada. Por outro lado, aqueles que foram convidados ou, como nosso caso, ganharam alguma promoção estão roendo as unhas.
The Twelves é o duo carioca formado por João Miguel e Luciano Oliveira em 2005. Ficaram famosos em 2007 quando remixaram a música Boyz da M.I.A. Ok, você pode até olhar de cara feia pra eles por causa disso, mas não deveria. Eles trabalharam ao lado de grandes nomes do cenário da música indie-eletrônica, tais quais Daft Punk, Erlend Oye (O idealizador e vocalista das bandas The Whitest Boy Alive e Kings of Convenience.), sem contar um ótimo, por que não dizer perfeito, remix da antológica Take on me do A-HA. Curiosidades: o nome do duo vem da coincidência de que ambos os artistas fazem aniversário no dia 12 de julho de 1980.
@rafa_coimbra
@penelophy
Miami Horror deveria dispensar apresentações, todo bom indie-hype-antenado já deve ter escutado algo deles. E até mesmo quem tá completamente por fora do que eu to falando já deve ter ouvido Sometimes, a musiquinha chiclete que tem um clipe fofo. Mas vamos lá, falar um pouquinho deles. A banda é de Melbourne, Australiaaaaaa, um país tropical como o nosso, com um cultura ríquissima. E que nos últimos tempos tem produzido o que de melhor se conhece em electro-pop. Seu primeiro EP, Bravado, anunciava o que seria seu primeiro cd, Illumination, apenas em parte. Quem já ouviu Bravado sabe muito bem o que eu to falando. Com uma pegada super Justice o EP caminha de encontro com o CD. Mas como tudo que uma banda faz nos seus primórdios é germe do que ela fará mais tarde, não negamos que já existia muito do que é Miami Horror hoje. Os Miami fizeram o meu verão, eram xodózinho, mas ficaram um pouco de lado ultimamente, até que anunciou-se sua vinda ao Brasil. Pronto, voltaram com tudo para minha playlist. E eu mudei de música preferida. Sometimes é boa, excelente, mas “todos precisa” ouvir Moon Theory, de tão boa, é a música com o maior número de remixes da banda. Aquele comecinho bem western, velho oeste americano do clipe. O cowboy no deserto anuncia o mundo (Malboro?) Illumination. “Vou te levar para a lua, para onde através o sol não brilha, nós vamos fazer crescerem maçãs de prata e peras de ouro, eu sei que te vejo lá.”


No twitter houve algumas reclamações de quem não ganhou convite mas também houve gente que postou fotos da belezinha. Sim, é capaz que tenha sido a forma mais criativa de se convidar para uma festa com o nome de MIXTAPE, o porquê você já deve ter conferido nas imagens que ilustram o texto.
Bom, como já dito, ganhamos convites e iremos cobrir a festa. Somos protos jornalista, economista e relações públicas. Já podemos deixar um tanto quanto claro que daremos uma visão bem ampla da festa bombante de logo menos.
Fiquem agora com uma palhinha do que vai ser a nossa noite:




quarta-feira, 30 de março de 2011

Metronomy – The English Riviera(2011)


Pra quem esperava mais do mesmo, a banda inglesa Metronomy deixará a desejar. Pra quem está aberto à coisa nova, seu cd novo é uma verdadeira piração. Não temos mais o som dançante de antes, mas temos muita novidade no ar.

English Riviera, com um mar estilizado e uma palmeira, nos remete sem sombra de dúvida à calmaria do mar. Não, não, não estou julgando apenas pela capa, basta que se ouça a primeira faixa, curtinha, 37 segundos que nos fazem pensar se estamos ouvindo um cd de meditação. Ela, entrentanto, é de um importância gigantesca, afinal, é uma verdadeira introdução dissertativa. Combina tese, antítese e síntese de tudo o que se ouvirá pela frente. Ele vai fluindo, e você nem sente passar.

A banda não se perdeu. Toda a influência do primeiro cd ainda pode ser sentida. Os tecladinhos dissonantes, destoantes... a voz de sempre do vocalista Joseph Mount, mais contida todavia; os backing vocals sussurrantes.

Mas o clima é outro, é o clima de quem curte tomar um whisky com gelo de água de coco na praia. Sem se importar se está de calça jeans ou de bermuda. Que se entenda que uma pessoa nessa posição realmente tá pouco se importando para o que está usando, mas para a trilha sonora certa com certeza estará prestando atenção, ainda mais se for o disco em questão.

Com uma faixa grudada na outra, num verdadeiro encadeamento, ele só prova a famosa fala de que tudo que é sólido pode derreter. E você não só sentirá o cd inteiro derretendo e caminhando liquidamente, como também mudará sua visão, ou melhor, audição? sobre o que é Metronomy.

Assim, a partir da segunda audição tudo fica mais claro e fácil de compreender. É importante, todavia, que se tome muito cuidado, ou melhor The English Riviera deveria vir com um aviso em letras garrafais: ouça com moderação. Já que, como no meu caso, não consigo mais parar de ouvir. Não sei como serão minhas audições daqui para frente, mas enjoar ainda está fora de cogitação.

Dê uma chance aos meninos britânicos e não se arrependerás.

Setlist:

    1. The English Riviera
    2. We Broke Free
    3. Everything Goes My Way
    4. The Look
    5. She Wants
    6. Trouble
    7. The Bay
    8. Loving Arm
    9. Corinne
    10. Some Written
    11. Love Underlined


Leia os comentários se quiser baixar.

O nome das coisas, as coisas dos nomes


Explicar o porquê do nome MUSS!! para este blogue é difícil até pra mim. Mas foi uma brisa, viagem intensa, que eu tive a algum tempo atrás. Eu havia lido A Insustentável Leveza do Ser, livro de Milan Kundera e me deparei com a descrição de uma situação insólita: um comerciante devia a Beethoven, que também “ruim das pernas”, foi-lhe cobrar. O comerciante, pasmo, pergunta em alemão “Muss es sein?” (Deve ser assim?) e Beethoven todo sarcástico e com uma risada caustica brinca “Es muss sein! Es muss sein!”(Deve ser assim! Deve ser assim!). A frase, depois de entoada, não saiu mais da cabeça do compositor, que a sentiu como a voz do destino. Decorridos vários fatos, Beethoven compõe uma obra que ficaria famosa por conter tal voz.

Mas o que mais importa é a função existencial que Kundera dá a tal situação. DEVE SER ASSIM? DEVE SER ASSIM! A vida ganha leveza e peso ao mesmo tempo. Uma vez que nos habituamos com o fardo de nossos destinos, a vida fica leve. Ao mesmo tempo, sabendo que nossos atos, como dizia Nietzsche, se repetem pela eternidade, carregamos o peso de nossas escolhas. E a vida pesa.

Faz muito tempo que li Nietzsche e mais tempo ainda que li Kundera. Posso ter me equivocado em algumas partes. O mais importante, todavia, é que perguntemos com o blogue “A cultura deve ser assim?” e respondamos “DEVE!!” (MUSS!!).

Essa é a maior missão que pedantemente, prepotentemente, nos propomos a fazer. Mostrar a cultura como ela é.

Pedra Fundamental

Este é um blogue que se pretende interdisciplinar e colaborativo. Todavia, enquanto não aparecem pessoas, dos mais diversos campos, interessadas em colaborar conosco, iremos coletando informações da web, organizando-as, tornando o incompreensível, de linguagem difícil, no mais fácil de se entender possível.

A missão é fazer um jornalismo cultural que mapeie o que de mais importante acontece na cidade de São Paulo. Para além de apenas mapear, noticiar ou informar, importa que analisemos sob as mais diversas luzes possíveis tais eventos culturais.

Queremos arquitetos comentando sobre baladas, mesmo que se limitem ao seu campo de atuação e só falem de arquitetura; sociólogos debatendo bienais; músicos comentando influências e novas tendências; e por aí vai.

Cultura é um campo que não se esgota, nem nunca vai se esgotar. Mais vastas que os oceanos são as formas de expressão cultural. E assim sendo, é de deixar qualquer um muito feliz com tão inesgotável fonte de assuntos.

Não temos pretensões. E se você é um acadêmico, nos mande seu texto técnico, dele será feita uma reportagem com linguagem mais acessível, mas ao mesmo tempo o lincaremos para que outros acadêmicos tenham acesso a ele.

A intenção maior é que a multiplicidade apareça. Acabar com o velho lugar comum de apenas um olhar sobre as coisas. Queremos olhar o que acontece de cultural em São Paulo com olhos de mosca, daqueles que bisbilhotam sem serem percebidos, incomodam se for preciso, mas o mais importante, olhar tudo de várias formas, de cima, de baixo, de lado, de ponta-cabeça se. Pintar um quadro cubista, como um dos melhores Picasso.

O blogue, no início, será o mais simplista possível, sem afetações, até mesmo pela falta de incentivo monetário. Mas qualquer ajuda de webdesigner é e será sempre bem-vinda.

Contamos com a ajuda de qualquer um que queira se expressar. Dê seus pitacos, ajeite uma coisinha, mude outra, sugira pautas. Faça dO Muss o seu espaço de expressão cultural.